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Preconceito: esta é a deficiência oculta

A surdez é uma deficiência oculta. Podemos estar no cinema ou num programa de auditório, do tipo Faustão, ou ainda num estádio de futebol e, certamente, será impossível sabermos quantos surdos há neste espaço público. Na verdade, somos 4 milhões e meio em todo o Brasil, tendo algum tipo de perda auditiva, seja ela leve, moderava, profunda ou severa.
Entretanto, o que mais me chama a atenção, é outro tipo de deficiência oculta: o preconceito. Outro dia li em nosso Fórum de Implante Coclear (www.guicos.cjb.net) que uma mulher surda, usuária de IC, havia prestado concurso público. Ela corretamente optou por se inscrever na cota dos deficientes, cuja prova não é diferente das demais – é exatamente igual – e foi aprovada. Nos exames médicos de admissão ao novo emprego público, a segunda etapa de todo o processo, ela foi barrada porque, sendo surda, ouvia através do Implante Coclear. E agindo mais uma vez corretamente, ela entrou com um recurso, uma liminar, ganhou o processo para trabalhar dignamente como qualquer ser humano. Seria preciso tudo isso? Já não bastava por si só o longo processo de reabilitação auditiva pelo qual ela passou, testando softwares e comparecendo a inúmeras sessões de fonoaudiologia?
Assistindo certa vez ao final da novela “Viver a Vida”, vi o depoimento da sra. Marri, contando a história de seu filho de 3 anos, o David,  usuário de Implante Coclear. Ela chamou o seu pupilo de “troféu” e, de forma emocionada, pontuou tim tim por tim tim a vida daquele campeão. Primeiro, a mãe tinha sido desenganada por um médico, dizendo que ela não podia jamais engravidar. Segundo, o filho David, com pressa para nascer e gritar a plenos pulmões “estou aqui, nasci!”, veio a este mundo prematuramente e, entre a vida e a morte, resistiu noite e dia na UTI de um hospital, sempre amparado pelo calor das mãos de sua mãe a lhe dar carinho e proteção. E por fim, o pequeno David, com nascimento prematuro, nasceu com deficiência auditiva profunda. Ele então fez a cirurgia de Implante Coclear e começou a conhecer pela primeira vez a voz daquela sua grande progenitora.
A sra. Marri levava o David todos os dias para brincar num parquinho. Como toda criança, sempre gostosamente ingênua, alegre e descontraída, David ia se misturar ao burburinho das outras crianças ouvintes, com seus carrinhos e chupetas, bolas e cachorros, cujos pais estavam sempre em derredor. Mas, em dado momento, os próprios pais, adultos, muitos católicos apostólicos romanos ou simplesmente ateus, percebiam que o pequeno David usava um processador de voz ao redor da orelhinha. Em ato contínuo, fechavam a cara e tentavam fazer com que seus filhos “ouvintes” fossem brincar somente com outros “ouvintes”. (www.youtube.com/watch?v=JUoVKRTY6dk)
Deficiência oculta é o preconceito. São olhares silenciosos – aqueles que tentam fugir para um horizonte perdido, sem se aperceberem do que está logo ali, em frente. São gestos de seres humanos que batem no peito e dizem “eu respeito os deficientes”. E são estes seres que compram adesivos de cadeirantes ou de surdos em bancas de jornais, colam no  para-brisa do carro e param na vaga de deficientes físicos, apenas para levar a roupa suja na lavanderia de um shopping center e…depois…tomar um gostoso cappuccino na melhor cafeteria de um complexo comercial, enquanto o cadeirante estaciona seu carro adaptado em uma vaga distante, e, de punhos cerrados nas rodas de sua cadeira, tenta chegar vagarosamente na entrada principal do shopping.
Eu mesmo passei por uma experiência que vale relatar. Perdi meu emprego há quase três anos e fiquei longos e eternos 4 meses procurando uma recolocação.  Afinal de contas, com duas filhas para criar, tendo passado por um processo de quimioterapia, com infecções renais, meningite e trombose com embolia pulmonar, eu tinha que me recolocar rapidamente no mercado de trabalho, com apenas a sequela da surdez severa,  mesmo contando com o grande esforço de minha esposa, que sempre trabalhou.
Acessei inúmeros sites e fiz a minha inscrição como deficiente auditivo e usuário de Implante Coclear em dezenas deles. E como não se bastasse o meu grande luto em perder um emprego numa empresa onde fiquei 18 anos, vestindo a camisa e realizando projetos maravilhosos, os recrutadores me chamavam para oferecer vagas de portaria e segurança, atendente bancário ou auxiliar administrativo – eu que tenho diploma, sou fluente na língua inglesa, tenho a língua alemã em nível básico, com ótima redação e com experiência comprovada em Engenharia de Televisão, tendo visitado países como Canadá, Estados Unidos, Inglaterra e Japão, sempre a serviço de minha equipe de trabalho.
Ouvi várias vezes nas entrevistas de recrutamento e seleção que sou uma pessoa diferenciada. Mas se foi assim, porque não me deram uma chance como um profissional habilitado, atualizado e competente? Será que o Implante Coclear incomodaria os ouvintes normais? Será que estas anteninhas que mais parecem raquetinhas de tênis incomodariam o colega ao lado? Ah, já sei: parece que tem a ver com a minha idade, pois tenho 48 anos…
É por isso que respeito muito a empresa onde trabalho atualmente. Depois de duas reuniões com o Diretor-Presidente e com o Gerente Nacional de Vendas, há quase três anos,  eu ouvi: “Bem-vindo à nossa empresa”. Eles me abriram uma grande porta, um ato digno que nenhuma outra empresa ousou em ter. E foi exatamente esta Empresa que conheci durante a minha surdez profunda e  o meu estridente zumbido bilateral, quando participava de Encontros de Implantados no Hospital das Clínicas de São Paulo e perguntava ansiosamente: “mas como é essa história de Implante Coclear?” Mal sabia eu que lá estavam presentes alguns de meus futuros colegas de trabalho, que me aguardavam há muito tempo, para me verem divulgar o Implante Coclear por todo o Brasil.
A Terra gira e o mundo roda. Mas o preconceito continua. E ele é a pior deficiência oculta.

Pessoas com Deficiência e Preconceito na História

Atuações preconceituosas e cruéis em relação às pessoas com deficiência física perpassam pela história. No Egito Antigo, consideravam que a deficiência era provocada por “maus espíritos”, sendo que a nobreza, os faraós, os sacerdotes e os guerreiros tinham acesso a tratamentos, enquanto os pobres sucumbiam nas mãos de charlatães, serviam como atrações em circos ou eram usados pelos sacerdotes para estudos e treinamentos de cirurgias.
          Na civilização hebraica a discriminação era manifesta nas leis, Moises escreve em “Levítico” que o homem com deformidade corporal não pode fazer oferenda a Deus, e nem se aproximar de seu ministério. A deficiência era vista pelos antigos hebreus, como indicadora de impureza, remissão de pecados antigos, interferência de maus espíritos e das forças más da natureza, logo os deficientes tinham que esmolar para sobreviver, ficando expostos nas ruas e praças, e eram apenas tolerados pela sociedade (p.74).
          Na Grécia, havia a super valorização do corpo belo e forte que pudesse participar das guerras. Por isso aquele que não correspondesse a esse ideal era marginalizado e até mesmo eliminado, entretanto guerreiros mutilados em batalhas eram protegidos pelo Estado.
          A civilização romana também preconizava a perfeição e estética corporal, a deficiência era tida como “monstruosidade” fato que legitimava a condenação à morte dos bebês mal formados: Sêneca, em Amaral , justifica o infanticídio:... nós sufocamos os pequenos monstros; nós afogamos até mesmo as crianças quando nascem defeituosas e anormais: não é a cólera e sim a razão que nos convida a separar os elementos sãos dos indivíduos nocivos (p.46).
          Algumas crianças não eram mortas e sim abandonadas à margem do Tibre e levadas pelos escravos e pobres para futuramente esmolar: ocupação rendosa. Com o surgimento do Cristianismo, a visão de homem modificou-se, para um ser individual e criado por Deus. Os deficientes passaram a ser criaturas de Deus, com destino imortal e merecedores de cuidados, ... a alma não é manchada por deformidades no corpo (...) uma grande alma pode ser encontrada num corpo pequeno e disforme3 (p. 150). Em decorrência do pensamento cristão, pessoas com más formações congênitas ou defeitos passarama ser protegidas pela lei de Constantino em 315 depois de Cristo.
          Entretanto a exclusão dos deficientes continuou no discorrer da história. No Império Bizantino, a Igreja Católica em conjunto como Estado, levava-os para mosteiros. A própria Igreja incumbia-se de realizar mutilações como punições por crimes cometidos. Na Idade Média, a deficiência era vista como atuação de maus espíritos e do demônio, sob o comando das bruxas, e também resultado da ira celeste e castigo de Deus, havia a segregação e os deficientes eram ridicularizados.
        A partir do Humanismo, no século XV, modificou-se a concepção de valorização do homem, iniciando-se a diferenciação no tratamento de portadores de deficiência e da população pobre em geral. Nos séculos XVI e XVII, os serviços de saúde passaram a ser também de responsabilidade da comunidade.
          Em meados do século XVII, foram criados os hospitais gerais,os quais eram; uma combinação de asilo, para a exclusão, e de hospital para a cura e estudos. Segundo Foucault a medicina até o século XVIII, tinha caráter individual, em que os cuidados de médico-paciente davam-se em classes de maior posse, os pobres continuavam à mercê de charlatães. Nesse século, começa a se estruturara medicina social.
          No século XIX, devido à influência da filosofia humanista e o advento da Revolução Industrial, a concepção social de deficiência continuou a sofrer modificações.
          No século XX, há um grande incremento da assistência às pessoas portadoras de deficiência no mundo todo, pois além da filosofia humanista, as nações deparavam-se com mutilados pós as duas grandes guerras e acidentados nas industrias. Surgem programas de reabilitação global, incluindo a inserção profissional de pessoas deficientes.
          Nos dias de hoje, pleno século XXI, qual a realidade que se impõe?
          No Brasil, temos uma verdadeira fábrica de crianças com Paralisia Cerebral quer seja pelas más condições de saúde e pré-natal das parturientes, quer seja por negligência médica. Em função da violência, deparamo-nos com um número cada vez maior de jovens atingidos por armas de fogo, acidentes automobilísticos e outras conseqüências do uso indiscriminado de drogas.
VENCENDO AS BARREIRAS....Dizer que a prática de esportes é muito importante para as pessoas de todas as idades é chover no molhado. Já está mais que comprovado que praticar esportes com regularidade traz inúmeros benefícios para a saúde física e mental dos praticantes, além de melhorar a qualidade de vida. Para as pessoas com deficiência, praticar esportes pode representar muito mais que saúde.
São vários os aspectos positivos. O esporte melhora a condição cardiovascular dos praticantes, aprimora a força, a agilidade, a coordenação motora, o equilíbrio e o repertório motor. No aspecto social, o esporte proporciona a oportunidade de sociabilização entre pessoas com e sem deficiências, além de torná-lo mais independente no seu dia a dia. Isso sem levar em conta a percepção que a sociedade passa a ter das pessoas com deficiência, acreditando nas suas inúmeras potencialidades.
No aspecto psicológico, o esporte melhora a autoconfiança e a autoestima, tornando-as mais otimistas e seguras para alcançarem seus objetivos. “O esporte é muito importante para o sentimento de que tudo é possível dentro das minhas limitações e adaptações para execução daquilo que desejo fazer ou praticar”, explica Ademir Cruz de Almeida, presidente da ABDF (Associação Brasileira de Desportos para Deficientes Físicos) e da WAFFSite externo. (World Amputee Football Federation).

Esporte para todos?
Todas as práticas esportivas devem ter um acompanhamento médico. Essa é uma regra que vale para qualquer pessoa. Caso a pessoa tenha, por exemplo, alguma doença ou limitação cardíaca, respiratória ou circulatória, é fundamental que um médico avalie os riscos da prática esportiva. “É fundamental ter condições físico-motoras para desenvolver a atividade escolhida e estar sob orientação de um profissional especializado”, explica Patrícia.
Ademir também sugere que o interessado escolha, de acordo com as suas limitações, a atividade física que melhor pode ser desempenhada. Após estas etapas, é importante procurar os clubes, associações e academias que trabalham com a modalidade pretendida





Modalidades
São vários os esportes praticados em todo o mundo e novidades sempre surgem nessa área. No Brasil, as mais comuns são: Natação, Atletismo, Basquete em cadeiras de roda, Voleibol sentados, Futebol de cinco, Futebol de Paralisados Cerebrais, Tênis, Tênis de mesa e Bocha. “Todos os esportes têm uma série de adaptações e regras específicas. Além disso, existem dentro das mesmas modalidades classificações funcionais, para dar condição de igualdade e competitividade”, explica Ademir.
Esportes mais comuns por tipo de deficiência:
Pessoas com deficiência visual: atletismo, ciclismo, futebol, judô, natação, goalball, hipismo, halterofilismo e esportes de inverno.
Pessoas com deficiência auditiva: atletismo, basquetebol, ciclismo, futebol, handebol, natação, vôlei, natação, e muitas outras (quase as mesmas das pessoas sem deficiência, pois não existem grandes limitações dos deficientes auditivos).
Pessoas com deficiência física: atletismo, arco e flecha, basquetebol em cadeira de rodas, bocha, ciclismo, esgrima em cadeira de rodas, futebol para amputados e paralisados cerebrais, halterofilismo, hipismo, iatismo, natação, rugby, tênis em cadeira de rodas, tênis de mesa, voleibol sentado e para amputados e modalidades de inverno.
 

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